sexta-feira, 10 de agosto de 2012

(Não esquecer de respirar)

"Le Concert", Radu Mihaileanu (2009)

De tempos a tempos, muito espaçadamente, aparece um filme assim. Por alguma desordem do cosmos não o fui ver como deve ser, lá, no escurinho da sala grande agora pago a 1300 paus, e aconteceu ontem, por acaso, como tudo o que mais desassossega. A RTP 2 é uma boa amiga. Interpretação avassaladora da Melanie Laurent, actriz de beleza sinistra, muito à imagem da nossa Ana Moreira. Parece sempre forçado quando riem. Aqueles olhos de husky siberiano transformaram em ouro todos os filmes em que a vi tocar - “De Battre Mon Coeur s’est arrête”, “Inglorious Basterds” e este “Le Concert”, que conta a história de um antigo maestro russo do Teatro Bolshoi cuja carreira foi arruinada por defender músicos judeus, há 30 anos, e que terá uma segunda oportunidade de continuar a procurar “a harmonia perfeita”. Para um spoiler épico - cena final -, clicar aqui.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Isto é um absurdo, Tchaikovsky



Podia ser uma daquelas músicas de anúncios que agora competem ao contrário, para aferir qual a pior, desde que a do Pingo Doce ficou famosa pelos piores motivos. Todos sabemos como é: aquela pasta viscosa agarra-se aos nossos tímpanos com a teimosia do bedum de casca de banana esquecida no cesto do lixo de autocarros públicos, e depois é o bom e o bonito para nos livrarmos daquilo. Não. Tive melhor sorte. Nos últimos dias não me tem saído da cabeça o tema central do Lago dos Cisnes, indiscutivelmente o mais espectacular dos bailados que conheço, na medida em que é o único, e hoje vi-me obrigado a ouvir isto vezes sem conta numa roda viva para lá de doentia que me recordou a nossa insignificância perante alguém (Tchaikovsky) capaz de inventar algo assim, absurdo de tão belo, capaz de deixar gerações de três séculos diferentes (1876: XIX, XX e XXI) em pele de galinha.

A Orquestra Filarmónica de Israel concordará.
Os meus vizinhos também, que remédio.