segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tomorrow Never Knows

(1966)

(2010)

A inglaterra sagrou-se campeã do mundo em 1966 à custa da alemanha, em londres. Vitória polémica. Festa rija. Única, até e desde então. Seis dias depois os beatles lançaram o revolver, onde encontramos esta maradice genial que tinha a sua dimensão de aviso à nação da rainha - que é como quem diz: com os alemães ninguém faz farinha. Hoje sabemos - disseram-nos os Diabo na Cruz - que os loucos estão certos.


sábado, 26 de junho de 2010

theo parrish: spinning since 1986


O theo parrish está para a música electrónica como, sei lá, o tchaikowsky, o liszt ou o chopin estão para a clássica. Daquelas mãos sai o que eu gostaria que um filho meu ouvisse quando fosse a uma discoteca. Assistir a um set dele, como ontem na cave do lux, entra na (des)ordem do delírio. Era ver a expressão estampada no rosto dos poucos subterrâneos que por lá passaram.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ontem



se ao menos pudesse ter sido mais de mim, e tu menos dos outros, sobre mim curvado, com a barriga dorida, teria agora mesmo, nesta noite, a mesma que a (quase) todos varreu da rua há mais tempo do que te poderás lembrar, a noite que nos entregou nuas as frias ruas de uma noite reveladora, de caça descontrolada, o calor da pele no chão frio, as palavras que se me atropelavam para que as ouvisses no formato inconveniente do que tem de ser, o sobressalto no tempo em que os corpos não enganavam, tudo exposto, se ao menos pudesse ter sido mais de mim, e tu menos dos outros, sobre mim curvado, com a barriga dorida, teria agora mesmo chegado às lágrimas de tanto rir enquanto me lembrava de um momento que nunca tive, mas gostaria de ter tido, contigo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sláinte!

frança 0x2 méxico

Na noite em que curtimos os golos mexicanos como qualquer irlandês que se preze, vale a pena recuperar uma célebre máxima que, por oposição, define o desporto-rei: "Andebol, basquetebol, mão; futebol, pé."

domingo, 13 de junho de 2010

O maradona também não marcou no arranque da argentina no méxico 86..


Por esta ou aquela razão - ver os jogos quase sem som deverá ser uma delas, que a mim não me lixam com isso de enxames gigantes de abelhas furiosas a zumbir sem piedade junto do próximo -, os primeiros pontapés na bola do mundial têm funcionado como o perfeito sedativo para me deixar dormir. O uruguai x frança (0-0) então parecia uma conversa a dois com selo do manoel de oliveira e aleluias dos críticos de cinema. A entrada em cena da selecção treinada por um deus de barba e fato cujo sucesso depende exclusivamente do que conseguir inventar o rapaz da bola cozida à chuteira esquerda foi a primeira excepção. A nigéria já ficou para trás. Mas será o messi – a argentina é o messi -, que hoje (ontem?) jogou como o prodígio que é, mesmo sem ter marcado golos, suficiente para que a malta das pampas levante a taça, 24 anos depois?

Piada seca fácil, com direitos de outro autor: o guarda-redes da inglaterra (robert green) pode ter 30 anos mas ainda está bem verdinho.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

'LA? It looks fake. I like it!'


Rádio pirata cool meets 10cc meets michael jackson meets música de genérico de séries norte-americanas dos anos 80 meets sade adu em casa dos spiritualized.

Brincar aos médicos


Queiroz, Lisboa, 5 de Junho de 2010: “ (O Nani) fez um traumatismo (no ombro) e, por precaução, não treinou. Vai continuar assim mais uns dias, depois vai ser reavaliado e vai voltar aos treinos sem problemas”.

Queiroz, Joanesburgo, 8 de Junho de 2010: "O jogador (Nani) acusou dores de um traumatismo feito em Lisboa, hoje decidimos fazer exames mais profundos e o diagnóstico não permite que ele esteja em competição".

Fez há pouco tempo nove anos que um perfeito anormal, meu colega nos juniores do portimonense, partiu-me uma costela num treino que antecedia um jogo importante para o campeonato nacional daquele escalão, em campomaior. Perante a entrada dele, de joelho em riste, caí no chão sem conseguir respirar mais do que um terço do que é comum e, minutos depois, quando me tentaram levantar, depressa pedi que me devolvessem ao conforto do pelado onde treinávamos, pois senti que algo se tinha solto na grelha costal direita. Fui transportado de ambulância para o hospital de portimão, 40 minutos depois, e dali segui para casa sem que me tivessem detectado mais do que um forte traumatismo numa costelazita, no limite uma fissura. Era uma sexta-feira. Noite. A equipa arrancou horas depois para jogar em campomaior, até ganhou sem espinhas, 3-0, e eu passei o fim de semana (e o resto do mês) em casa. Na segunda-feira tinha exactamente os mesmos sintomas: doía-me os pulmões quando respirava. Como se tivesse a roçar ali qualquer coisa que não devia. E tinha mesmo, uma costela partida, como um exame mais detalhado me provou, ao final dessa tarde, numa clínica de almancil. Falhei quatro ou cinco jogos na fase final da época, em que lutávamos com o belenenses e o farense pela subida à fase seguinte. Não a conseguimos por um ou dois pontos, se a memória não me atraiçoa. Mas isto foi em 2001. Nos juniores do portimonense.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A manhã é dos amantes


Já te dou atenção daqui a pouco, prometeu, estou a tripar.

Deitada na cama ao contrário, com as longas pernas nuas flectidas de encontro à parede quase aquecida pelo primeiro sol da manhã, camisa de homem e pele nos lençóis amarrotados, cabeça sem almofada, ela respondeu sem mover os olhos das unhas vermelhas que tanto tempo lhe levaram a pintar na véspera, logo após o marido lhe telefonar a dizer que pela frente teria dois dias de viagem em negócios.

Os anos parecem cada vez mais curtos e eu continuo a cantarolar por entre ruínas e corpos moribundos no chão e carros a arder. Qualquer dia vou ficar com dúvidas, pensar duas vezes, precisar de ti. Teremos problemas.

Ele reparou pela primeira vez nas marcas de desgaste que ela tinha em ambos os joelhos e no conformado e vertiginoso olhar de alguém que desistiu. Desconversou e deu o último bafo no charro lento.

Ela não se distraiu e concretizou, monocórdica, baixinho.

Talvez te deixe.. é isso, talvez não mais regresse a esta espelunca que nem tua é se o meu marido me fizer desmaiar de gozo quando regressar a casa, deixo-te de vez se aquele gordo depravado e pérfido chegar a casa e, enfim, agarrar-me sem perguntas sobre o meu fim de semana, saudades, o tempo, os meus pais, os meus nervos, vou dedicar-me por inteiro àquele molde escarrado da estupidez para sempre suado e arrogante que tem a sorte de saber como tratar uma mulher se se der o caso de que me consiga tirar as dúvidas sem abrir a merda da boca, que dali até as moscas fogem.

(Ele simulou colocar uma bala num revólver imaginário, direccionou-o contra ela e fingiu premir o gatilho duas vezes) Pá! Pá!, isso é amor. Que fazes aqui?

Não sei.

Vai. Tu e eu sabemos que voltas.

Estás muito lúcido para quem ainda está a tripar. Bom para ti: terás recordações fresquíssimas da manhã em que me viste ir embora e nada fizeste.

Ele concentrou um sorriso disfarçado no canto dos lábios e franziu o sobrolho.

Ela levantou-se e ouviu como uma, duas portas bateram sem estrondo atrás de si. Não regressou.

Beatles fase ácidos, 2010



(como, bem a propósito, um dia me tentou fazer compreender uma amiga, vagamente evocando o ‘príncipe’ do maquiavel, se tens de copiar, pelo menos que o faças com bom gosto).

Sporting? Tranquilidade


Num mundo perfeito, a época que se avizinha teria começado a ser preparada há três meses, depois de perdermos a hipótese de lutar por qualquer troféu em 2009/2010. Na prática, o pesadelo terminou há três semanas. Faltam outras três para começar a pré-temporada. Há novo treinador. Quer ser campeão. De resto nada. Silêncio. Sobra ruído e o resto é letra morta. E eu que por esta altura já esperava ter no bolso o Drenthe e o Anderson e ... e ... com sorte ainda vou ter de me contentar com os amigalhaços do Costinha.