quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Casa quê?


Afinal, a ultra-conservadora América já não é tão conservadora quanto isso, e volta a ser cool, como no cinema.

Pequeno-grande senão: preocupa que aquele que se mostrou um gracioso candidato republicano, na hora da derrota, não tenha, ele próprio, sido poupado a diversas vaias pela sua fervorosa massa apoiante, sempre que felicitava Obama pela eleição, ontem, no discurso com que se despediu do sonho de manter a ocupação norte-americana no Iraque outros 1000 anos. É que sempre foram cerca de 46% os eleitores norte-americanos que votaram em John McCain, apesar de Obama ter excedido o dobro dos votos eleitorais amealhados pelo seu adversário. Mas adiante, pese o par de destinos que se conhece a quem ousou, um dia, ser um líder de Homens munido de letais poderes oratórios, um diplomata de pontes e um resistente à santíssima trindade com que se vem governando este país nos últimos oito anos: armas, bebés e jesus.

Ele conseguiu. Reescreveu a história que ninguém viu chegar há mais de dois anos, quando um então desconhecido e exótico senador do Illinois lançou a sua anónima candidatura para a eleição no partido democrata, tendo em vista a corrida à Casa Branca. A história, porém, revelou-se outra; o mundo já conhece o novo presidente nos Estados Unidos da América e, pela primeira vez em 44 presidências e 232 anos, observa que ele tem a pele escura. Hoje não só deve ser um dia para Luther King festejar, algures, enquanto ícone da comunidade afro-americana que lutou com palavras pelo direito a ser visto como os demais, na terra dos sonhos. Importante para estas pessoas, importante para nós, deste lado do paraíso; uma lição vinda de um país que todos estimamos, e, vá, com uma pontinha interminável de razão, em criticar compulsivamente. Só faltamos nós, europeus, visionários nisso de içar a bandeira da igualdade entre semelhantes, seguir o exemplo e, um dia destes, abrir caminho à inédita eleição de um presidente europeu negro – aparecendo quem tenha a capacidade para o efeito.

Se Obama – Obaminha, vá, que fiquei mesmo satisfeito - a tem, é coisa por ver. O que esperamos dele, interna e externamente, não cabe num quadro que fuja do milagre. Será Obama um milagre? Realmente parece: ao ouvi-lo falar, no seu discurso de consagração, até o mais fiel dos ateus deve acreditar que Deus existe. Mas esqueçamos isso. Para já, apenas uma certeza, de regresso à terra: até Janeiro ainda será o Sr. W. Bush a dormir na Casa que deixará, por fim, de ser Branca por sentença iluminada. E que tão cedo não voltaremos ao medonho pesadelo no qual os republicanos mantêm assento no governo dos states, agora sob a cabecinha de uma caçadora de alces após o presidente John McCain ter sucumbido ao peso do tempo.

2 comentários:

Anónimo disse...

=D yes, he did!

John Abreu disse...

Obaminha pós amigos, portanto =P